Nessa segunda-feira (11), a Ford anunciou que encerrará a produção de veículos em suas fábricas no Brasil. A montadora está no Brasil desde 1919 e mantinha fábricas em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), para carros da Ford, e Horizonte (CE), para jipes da Troller. Em comunicado, a empresa informou que o mercado continuará sendo atendido por veículos provenientes da Argentina, Uruguai e outros mercados.
O Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, será mantido, assim como o campo de provas e sua sede administrativa para a América do Sul, ambos em São Paulo. A Ford foi a quinta que mais vendeu carros no país, em 2020, com 7,14% do mercado.
O anúncio gerou repercussão
Governo da Bahia
“O Governo do Estado lamenta o encerramento da produção nas plantas da Ford em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e da Troller, em Horizonte (CE). O governo destaca os impactos socioeconômicos consequentes do fechamento da empresa, importante geradora de empregos e renda no estado. Assim que foi informado, o governador Rui Costa entrou em contato com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) para discutir a formação de grupo de trabalho para avaliar possibilidades alternativas ao fechamento. O governo estadual também entrou em contato com a Embaixada Chinesa para sondar possíveis investidores com interesse em assumir o negócio na Bahia. A decisão da Ford foi informada ao governador Rui Costa durante reunião virtual com representantes da empresa nesta segunda-feira (11). Em nota distribuída à imprensa, a Ford afirma que ‘a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas’, são motivadores da decisão.”
Elinaldo Araújo (DEM), prefeito de Camaçari
“Com muita tristeza, recebemos esta notícia da Ford. Infelizmente, a crise provocada pela pandemia da covid-19 trouxe consequências ruins para a área da saúde e, também, para a economia, fazendo com que pequenos e grandes negócios se tornem inviáveis. Lamento o fechamento da fábrica e me solidarizo com os trabalhadores.”
João Doria, Governador de São Paulo
Lamento decisão da Ford de encerrar sua produção de automóveis no Brasil. A medida afeta o fechamento de fábricas no Ceará, Bahia e SP. Foi decisão global da Ford Motors.
— João Doria (@jdoriajr) January 11, 2021
No Estado de SP, serão mantidos 700 trabalhadores em atividades no município de Tatuí e na Capital.
Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados
O fechamento da Ford é uma demonstração da falta de credibilidade do governo brasileiro, de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional. O sistema que temos se tornou um manicômio nos últimos anos, que tem impacto direto na produtividade das empresas.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) January 11, 2021
Espero que essa decisão da Ford alerte o Governo e o parlamento para que possamos avançar na modernização do Estado e na garantia da segurança jurídica para o capital privado no Brasil.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) January 11, 2021
Fabio Wajngarten, secretário-executivo do Ministério das Comunicações, em resposta a Maia
A verdade dos fatos: a Ford mundial fechou fábricas no mundo porque vai focar sua produção em SUVs e picapes, mais rentáveis. Não tem nada a ver com a situação política, econômica e jurídica do Brasil. Quem falar o contrário, mente e quer holofotes. https://t.co/9m48klt0Xu
— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) January 11, 2021
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)
“A Anfavea não vai falar sobre o tema, trata-se de uma decisão estratégica global de uma das nossas associadas. Respeitamos e lamentamos. Mas isso corrobora o que a entidade vem alertando há mais de um ano sobre a ociosidade local, global e a falta de medidas que reduzam o Custo Brasil.”
Ministério da Economia
#NOTA | O @MinEconomia lamenta a decisão global e estratégica da Ford de encerrar a produção no Brasil. A decisão da montadora destoa da forte recuperação observada na maioria dos setores da indústria no país, muitos já registrando resultados superiores ao período pré-crise.
— Ministério da Economia (@MinEconomia) January 11, 2021
Marcelo Freixo (PSOL), deputado federal
Lembram quando Bolsonaro disse que se a esquerda vencesse na Argentina nossos vizinhos fugiriam desesperados para cá? Pois a Ford vai fechar TODAS as fábricas no Brasil e manter a produção no Uruguai e Argentina. Bravata não gera emprego nem vai tirar o país do buraco.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) January 11, 2021
A reforma trabalhista não gerou empregos nem impediu o fechamento da Ford. A reforma da previdência não resgatou a confiança dos investidores. E o teto de gastos não salvou a economia. A vida piorou, a desigualdade cresceu e a pobreza aumentou. Temos que deter essa marcha insana.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) January 11, 2021
Comunicado da Ford
A Ford Motor Company anunciou hoje que atenderá os consumidores na América do Sul com um portfólio empolgante de veículos conectados, e cada vez mais eletrificados, incluindo SUVs, picapes e veículos comerciais, provenientes da Argentina, Uruguai e outros mercados, ao mesmo tempo em que a Ford Brasil encerra as operações de manufatura em 2021.
A Ford atenderá a região com seu portfólio global de produtos, incluindo alguns dos veículos mais conhecidos da marca como a nova picape Ranger produzida na Argentina, a nova Transit, o Bronco, o Mustang Mach 1, e planeja acelerar o lançamento de diversos novos modelos conectados e eletrificados. A Ford mantém assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil e na América do Sul. A empresa também manterá o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo.
“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global. Vamos também acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas suprindo, de forma eficaz, a necessidade de veículos ambientalmente mais eficientes e seguros no futuro.”
A empresa irá trabalhar imediatamente em estreita colaboração com os sindicatos e outros parceiros no desenvolvimento de um plano justo e equilibrado para minimizar os impactos do encerramento da produção.
“Nosso dedicado time da América do Sul fez progressos significativos na transformação das nossas operações, incluindo a descontinuidade de produtos não lucrativos e a saída do segmento de caminhões”, disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul e Grupo de Mercados Internacionais. “Além de reduzir custos em todos os aspectos do negócio, lançamos, na região, a Ranger Storm, o Territory e o Escape, e introduzimos serviços inovadores para nossos clientes. Esses esforços melhoraram os resultados nos últimos quatro trimestres, entretanto a continuidade do ambiente econômico desfavorável e a pressão adicional causada pela pandemia deixaram claro que era necessário muito mais para criar um futuro sustentável e lucrativo.”
A Ford está constantemente avaliando seus negócios em todo o mundo, incluindo a América do Sul, fazendo escolhas e alocando capital de forma a avançar em seu plano de atingir uma margem corporativa EBIT de 8% e gerando um forte e sustentável fluxo de caixa. O plano da Ford prevê o desenvolvimento e a oferta de veículos conectados de alto valor agregado e qualidade – cada vez mais eletrificados –, com serviços acessíveis a uma gama mais ampla de consumidores.
A empresa se move rapidamente, com o objetivo de:
Transformar seu negócio automotivo – competindo de maneira desafiadora, simplificando e modernizando todos os aspectos da empresa; e
Crescer alavancando os pontos fortes já existentes, desafiando o negócio automotivo convencional e realizando parcerias para expandir eficiência e conhecimento.
“Trabalharemos intensamente com os sindicatos, nossos funcionários e outros parceiros para desenvolver medidas que ajudem a enfrentar o difícil impacto desse anúncio”, continuou Watters. “Quero enfatizar que estamos comprometidos com a região para o longo prazo e continuaremos a oferecer aos nossos clientes ampla assistência e cobertura de vendas, serviços e garantia. Isso se tornará evidente ao trazermos para o mercado uma linha empolgante e robusta de SUVs, picapes e veículos comerciais conectados e eletrificados, de dentro e fora da região.”
Watters acrescentou que, além da confirmação da produção da nova geração da Ranger, da chegada do Bronco, do Mustang Mach 1 e da Transit, a Ford também planeja anunciar outros modelos totalmente novos, incluindo um veículo híbrido plug-in. “Isso se alia à expansão de serviços conectados e de novas tecnologias autônomas e de eletrificação nos mercados da América do Sul.”
A produção será encerrada imediatamente em Camaçari e Taubaté, mantendo-se apenas a fabricação de peças por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda. A fábrica da Troller em Horizonte continuará operando até o quarto trimestre de 2021. Como resultado, a Ford encerrará as vendas do EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques. As operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas.
A Ford continuará facilitando alternativas possíveis e razoáveis para partes interessadas adquirirem as instalações produtivas disponíveis.
Em decorrência desse anúncio, a Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, incluindo cerca de US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6 bilhão em 2021. Aproximadamente US$ 1,6 bilhão será relacionado ao impacto contábil atribuído à baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos. Os valores remanescentes de aproximadamente US$ 2,5 bilhões impactarão diretamente o caixa e estão, em sua maioria, relacionados a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos.
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